quinta-feira, 12 de abril de 2012

A Primeira Internacional

Por Aluizio Moreira


A Liga dos Comunistas deixou de existir por  volta de 1852 e só após 12 anos surgiria uma organização que congregaria trabalhadores de vários países.

Congresso da Primeira Internacional
A Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T.), historicamente, foi a primeira organização da classe operária de caráter internacional. Suas origens, segundo a maioria dos que se dedicam à História do Socialismo, remontam ao ano de 1862, durante a Exposição Internacional de Londres, ocasião em que operários franceses, alemães  e ingleses estabeleceram as primeiras conversações no sentido da criação de um organismo internacional dos  trabalhadores.

No ano de 1863, aconteceu outro encontro, novamente em Londres, que reuniu alguns operários ingleses e franceses, convocando-se, por iniciativa de trabalhadores franceses, um Encontro de Trabalhadores para o ano seguinte.

Esse Encontro acontece em 28 de setembro de 1864 em Saint Martin's Hall, Londres, data que marca, oficialmente, a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) que passou a ser mundialmente conhecida como PRIMEIRA INTERNACIONAL.

Participaram dessa reunião delegados de organizações operárias inglesas, francesas, italianas, alemãs, suíças e polonesas, na qual constituiu-se um Comitê Provisório formado por 27 trabalhadores ingleses, 9 franceses, 9 alemães, 6 italianos, 2 suíços e 2 poloneses, alem de emigrantes socialistas alemães e poloneses. 

Karl Marx não fizera parte do grupo que fundara a AIT. Chegou até ela, na qualidade de convidado, mas  durante a Assembleia foi indicado para elaboração dos Estatutos e Declaração de princípios, contando com  colaboração de Engels, alem de ter escrito uma Mensagem Inaugural na data de sua fundação.
  
Karl Marx & Friedrich Engels
A partir de sua criação, a AIT faria realizar, durante sua história, 5 Congressos, que ocorreram em Genebra (1866), Lausanne (1867), Bruxelas ( 1868), Basiléia (1869) e Haia (1872).

No Congresso de Genebra de 1866,  foi defendida a limitação de jornada de trabalho em 8 horas, aprovou-se Resolução que defendia a incorporação dos operários agrícolas na luta política das organizações sindicais, defendeu-se a supressão dos exércitos permanentes, exigiu-se do Estado que criasse medidas sócio-políticas em favor das mulheres e crianças. Desencadeou-se um conflito entre as tendências marxistas e proudhonistas.

O Congresso de Lausanne de 1867, foi marcado pelas profundas divergências entre as propostas marxistas e proudhonistas, divergências essas já presentes no Congresso anterior. Uma delas girou em torno do papel que caberia à luta política da classe trabalhadora. Os proudhonistas negaram esse papel, os marxistas defenderam-nas. Outro tema de divergência foi sobre a socialização dos setores econômicos de cunho monopolista. Marxistas e proudhonistas defenderam aquela socialização, mas divergiram quanto à forma: para os marxistas a referida socialização deveria ocorrer através do poder do Estado;  para os seguidores de Proudhon ela se daria através das cooperativas centralizadas. Não tendo havido acordo, essa questão foi adiada para discussão no Congresso seguinte, marcado para Bruxelas.

Durante a realização do Congresso de Bruxelas de 1868, foram aprovadas: a luta pela supressão da propriedade privada das minas e das estradas de ferro, a nacionalização das terras, e a necessidade das greves sob a direção das organizações sindicais.  A questão da socialização dos setores econômicos monopolísticos,  uma das divergências entre proudhonistas e marxistas surgida no Congresso de Lausanne em 1867, foi retomada, saindo vitoriosa a posição marxista que defendia a socialização daqueles setores através da ação do poder do Estado.

O Congresso de Basiléia em 1869, além da participação da Inglaterra, França, Alemanha e Suíça, contou com a presença de representantes dos Estados Unidos, Bélgica, Áustria, Itália e Espanha. Nesse congresso foi aprovada Resolução que defendia a propriedade comum da terra e do solo.

Comuna de Paris
 Em março de 1871, ocorreria a Comuna de Paris, movimento popular deflagrado como desdobramento da guerra franco-prussiana iniciada em 1870, contra o governo de Thiers que após o armistício com a Prússia, exigiu da população francesa deposição das armas da época da guerra. Ao invés disso o povo em Paris “assaltaram o poder” em 18 de março, instituíram um Comitê Central Revolucionário, do qual fizeram parte membros da AIT, trabalhadores, blanquistas, proudhonistas, republicanos burgueses e patriotas exaltados, permanecendo no poder até fins de maio daquele ano.

A Comuna de Paris,é considerada primeira experiência de tomada do poder pela classe trabalhadora. Contando com as mesmas tropas prussianas que submeteram a França em 1870, soldados  fieis ao governo de Thiers cercaram Paris, bombardeando-a intensamente. Invadem a cidade defendida por populares que desesperadamente resistiram às investidas militares. São massacrados violentamente. Resultado: 20.000 populares foram fuzilados, 38.000 detidos e 13.000 deportados. Após o esmagamento da Comuna de Paris a maior parte dos membros da AIT foi presa ou exilada  em outros países e ao mesmo tempo em que desencadeia-se uma grande perseguição aos socialistas (operários e intelectuais) na Dinamarca, Espanha, Alemanha, Áustria, Itália. 

Bakunin
Neste mesmo ano, o Conselho Geral da AIT realizaria uma Conferência no mês de setembro em Londres. Embora muitos de seus membros considerem essa Conferencia sem representatividade pela ausência da maioria de seus representantes, foi aprovada a Resolução que  incentivava a criação imperativa de Partidos Operários nos diversos países, inteiramente independentes de todos os partidos burgueses, como condição necessária para uma Revolução Socialista. Essa proposição, embora vitoriosa, foi rechaçada pelos adeptos de Blanqui e Bakunin.

Sob  condições tão adversas, inclusive pelos conflitos ideológicos e políticos internos, ocorreu, convocado às pressas, o Congresso em Haia em 1872. Esse Congresso foi marcado pelo acirramento da  luta entre marxistas e bakuninistas, embora a maioria dos seus participantes tenha tomada uma posição declaradamente favorável às propostas oriundas do Conselho Geral dirigido por Karl Marx, contra as posições assumidas por Bakunin e seus seguidores. Nesse mesmo Congresso Bakunin foi expulso da AIT. Antes do seu encerramento, por sugestão de Engels, dadas a insegurança para os membros da A.I.T., resolveu-se transferir a sede do Conselho Geral da Associação para Nova York, convocando-se um novo Congresso para 1873 nesse novo local, o que não se realizou.

Em 15 de julho de 1876, numa Conferência ocorrida em Filadélfia, os membros presentes pronunciaram-se pelo fim da Primeira Internacional, com a dissolução do Conselho Geral.

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